top of page

Ossãe é um Orixá masculino de origem nagô (iorubá) que, como Oxóssi, habita a floresta. Sua principal ligação é com as folhas e todos os tipos de vegetais. Ele conserva o segredo da cura através das plantas, seja de forma mágica ou medicinal. É o protetor das plantas,  e tem um mistério em torno de si; é reservado e transmite somente para seus iniciados toda a magia de sua medicina.

 

Existem dúvidas sobre o sexo deste Orixá - uns afirmam que ele é andrógino, outros dizem que não, que ele é masculino, outros dizem que é feminino. Sua vida é estudar as ervas, as folhas e suas alquimias estranhas, mas necessárias ao ser humano. Dizem que Ossãe tem uma perna só e que gosta de se esconder nos bambuzais. Não pode ser visto, pois apresenta-se coberto de folhas, que ocultam o seu rosto.

 

Ele porta uma cabaça, que contém os remédios que prepara. Seu instrumento é uma haste metálica de sete pontas, com um pombo no centro. Nada no ritual dos Orixás pode ser feito sem o auxílio de Ossãe, que é o detentor do axé (força, poder, mistério das folhas sagradas). Ossãe é o médico da natureza,  o pai da Homeopatia e exige respeito em seus domínios. O forte sumo verde escuro extraído das ervas,  é considerado o sangue das folhas.

 

Ele vive na floresta, sozinho; é ligado aos pássaros e à preservação da natureza. Os sacerdotes invocam por Ossãe na hora da colheita das ervas cultivadas, pois é dele a capacidade de transmitir os poderes às plantas medicinais, que sem sua magia são apenas plantas comuns. Para entrar na floresta e recolher as plantas e folhas para o culto, o iniciado deve observar algumas proibições, como: sexo e bebida alcoólica. Deve também deixar uma clareira de oferendas que agradam o Orixá, como mel, moedas e fumo.

Seja filho de Oxalá ou de Nanã, ou de qualquer outro Orixá, uma pessoa sempre tem de invocar a participação de Ossãe ao utilizar uma planta para fins ritualísticos, pois, a capacidade de retirar delas sua força energética básica, continua sendo segredo de Ossãe. Por isso não basta possuir a planta exigida como ingrediente de um prato a ser oferecido ao Orixá, ou de qualquer outra forma de trabalho mágico.

 

A Colheita das folhas já é completamente ritualizada, não se admitindo uma folha colhida de maneira aleatória. As folhas devem ser colhidas na floresta virgem, sempre que possível. Antes de penetrar na mata, o iniciado deve pedir licença a Oxossi e a Ossãe, para isso acender vela na entrada, com o cuidado de limpar a área onde ficarão as velas. Toda vez que queimamos uma floresta, desmatamos, cortamos árvores, ou simplesmente arrancamos folhas desnecessariamente, estamos violando a natureza, ofendendo seriamente essa força natural que denominamos Ossãe.

 

E é por este motivo que devemos respeitar nossas florestas, bosques, matas, enfim todo espaço em que tenha uma planta, mesmo sabendo que Ossãe habita as florestas e matas fechadas mas toda planta leva em sua essência o Axé deste Orixá da cura.Ossãe tem uma aura de mistério em torno de si e a sua especialidade, apesar de muito importante, não faz parte das atividades cotidianas, constituindo-se mais numa técnica, um ramo do conhecimento que é empregado quando necessário o uso ritualístico das plantas para qualquer cerimônia litúrgica, como forma condutora da busca do equilíbrio energético, de contato do homem com a divindade.

 

 

Itan/ Lendas: 

Ossãe recusa-se a cortar as ervas miraculosas

 

Ossãe era o nome de um escravo que foi vendido a Orumilá. Um dia ele foi à floresta a lá conheceu Aroni, que sabia tudo sobre as plantas. Aroni, o gnomo de uma perna só, ficou amigo de Ossãe e ensinou-lhe todo o segredo das ervas. Um dia, Orumilá, desejoso de fazer uma grande plantação, ordenou a Ossãe que roçasse o mato de suas terras. Diante de uma planta que curava dores, Ossãe exclamava: "Esta não pode ser cortada, é as erva as dores". Diante de uma planta que curava hemorragias, dizia:

 

"Esta estanca o sangue, não deve ser cortada". Em frente de uma planta que curava a febre, dizia: "Esta também não, porque refresca o corpo". E assim por diante. Orumilá, que era um babalaô muito procurado por doentes, interessou-se então pelo poder curativo das plantas e ordenou que Ossãe ficasse junto dele nos momentos de consulta, que o ajudasse a curar os enfermos com o uso das ervas miraculosas. E assim Ossãe ajudava Orumilá a receitar a acabou sendo conhecido como o grande médico que é.

 

Ossãe dá uma folha para cada Orixá

 

Ossãe, filho de Nanã e irmão de Oxumarê, Ewá e Obaluaiê, era o senhor das folhas, da ciência e das ervas, o orixá que conhece o segredo da cura e o mistério da vida. Todos os orixás recorriam a Ossãe para curar qualquer moléstia, qualquer mal do corpo. Todos dependiam de Ossãe na luta contra a doença. Todos iam à casa de Ossãe oferecer seus sacrifícios. Em troca Ossãe lhes dava preparados mágicos: banhos, chás, infusões, pomadas, abô, beberagens. Curava as dores, as feridas, os sangramentos; as disenterias, os inchaços e fraturas; curava as pestes, febres, órgãos corrompidos; limpava a pele purulenta e o sangue pisado; livrava o corpo de todos os males.

 

Um dia Xangô, que era o deus da justiça, julgou que todos os Orixás deveriam compartilhar o poder de Ossãe, conhecendo o segredo das ervas e o dom da cura. Xangô sentenciou que Ossãe dividisse suas folhas com os outros Orixás. Mas Ossãe negou-se a dividir suas folhas com os outros Orixás. Xangô então ordenou que Iansã soltasse o vento e trouxesse ao seu palácio todas as folhas das matas de Ossãe para que fossem distribuídas aos Orixás. Iansã fez o que Xangô determinara. Gerou um furacão que derrubou as folhas das plantas e as arrastou pelo ar em direção ao palácio de Xangô. Ossãe percebeu o que estava acontecendo e gritou:

 

"Euê Uassá!" - "As folhas funcionam!". Ossãe ordenou às folhas que voltassem às suas matas e as folhas obedeceram às ordens de Ossãe. Quase todas as folhas retornaram para Ossãe. As que já estavam em poder de Xangô perderam o Axé, perderam o poder da cura. O Orixá Rei, que era um orixá justo, admitiu a vitória de Ossãe. Entendeu que o poder das folhas devia ser exclusivo de Ossãe e que assim devia permanecer através dos séculos. Ossãe, contudo, deu uma folha para cada Orixá cada qual, com seus axés e seus efós, que são as cantigas de encantamento, sem as quais as folhas não funcionam.

 

Ossãe distribuiu as folhas aos orixás para que eles não mais o invejassem. Eles também podiam realizar proezas com as ervas, mas os segredos mais profundos ele guardou para si. Ossãe não conta seus segredos para ninguém, Ossãe nem mesmo fala. Fala por ele seu criado Aroni. Os Orixás ficaram gratos a Ossãe e sempre o reverenciam quando usam as folhas.

OSSÃE - OSSAIN (ÒSANYÌN) 

Cor: Verde e Branco

Ervas: Manacá, quebra-pedra, mamona, pitanga, jurubeba, coqueiro, café(alfavaca, coco de dendê, folha do juízo, hortelã, jenipapo, lágrimas de NossaSenhora, narciso de jardim, vassourinha, verbena.

Símbolo: Ferro com sete pontas com um pássaro na ponta central. (Representa uma árvore de sete ramos com um pássaro pousado sobre ela)

Pontos da Natureza: Clareira de matas

Metal Estanho (latão)

Dia da Semana Quinta-feira

Elemento: Terra

Saudação Eueuá Ossãe

Animais: Pássaros

Comidas: Banana frita, milho cozido com amendoim torrado, canjiquinha, pamonha, inhame, bolos de feijão e arroz, farofa de fubá; abacate

Data Comemorativa: 5 de outubro

 

O ARQUÉTIPO:

 

Os filhos de Ossãe são, de um modo geral, pessoas equilibradas, controladas tanto em suas emoções como em seus sentimentos. Agem de maneira racional, não deixando que a amizade, a inimizade ou opiniões próprias suas interfiram em suas decisões para com os outros, e sim do que de fato é direito de ser. Possuem grande capacidade e eficiência.

 

 

bottom of page