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A partir da Primeira Guerra Mundial, 1914 a 1918, houve um grande número de famílias ciganas que imigraram para o Brasil, oriundos principalmente, de países do Leste Europeu. Ao chegar, eles se dedicaram ao comércio de burros, cavalos, ao artesanato de cobre, às atividades circenses, viviam em barracas e praticavam o nomadismo. Hoje, poucos ciganos ainda são nômades no Brasil. 

 

De acordo com dados do Censo 2010 do IBGE, existem no País cerca de 800 mil ciganos. Pela primeira vez foram mapeados oficialmente os acampamentos ciganos no País. A pesquisa do IBGE encontrou assentamentos em 291 cidades brasileiras, concentradas, principalmente, no litoral das Regiões Sul, Sudeste e Nordeste, destacando-se o estado da Bahia, com o maior número de grupos. Vivem em tendas de lona, que são geralmente montadas em terrenos baldios.

 

Em São Paulo, há informações sobre acampamentos em 25 municípios, entre os quais a capital, Sorocaba e Campinas. A maioria dos ciganos vive do comércio e as mulheres se dedicam a leitura de mão. Grande parte da população cigana vive em casas e não praticam mais o nomadismo.
 

Não foram encontrados acampamentos nos estados do Amapá, Roraima, Amazonas, Rondônia e Acre. De uma maneira geral, há uma taxa muito alta de analfabetismo entre eles, além de não estarem incluídos em programas governamentais de assistência social à saúde ou educação. 

 

Hoje, existem dois grandes grupos de ciganos no País: 

 

• o Calon, oriundo de Portugal, que fala o dialeto caló, é tradicionalmente nômade, ligado ao comércio de cavalos, carros, correntes e artefatos imitando ouro. As mulheres praticam a quiromancia em praças públicas, exibem dentes de ouro e pintas (sinais) no rosto;

 

• o Rom, vindos principalmente do Leste Europeu e que falam a língua romance (romani). No Brasil, encontram-se ciganos dos seguintes subgrupos Rom:Kalderash que se dizem “puros”, alguns ainda nômades, trabalhando no comércio de carros e as mulheres na quiromancia e cartomancia; Macwaia ou Matchuai, vindos basicamente da Sérvia (antiga Iugoslávia), vivem sedentários em grandes cidades, não se identificam com o vestuário cigano e, na sua maioria, sobrevivem de atividades da arte advinhatória; Horahane, de origem turca ou árabe, com atividades semelhantes aos Matchuaias. Vivem principalmente no Rio de Janeiro e só poucos ainda são nômades; Lovaria, um grupo de poucas pessoas que se dedica ao comércio e à criação de cavalos e é basicamente sedentário; e osRudari, também em número reduzido, dedicados ao artesanato de ouro e madeira, sedentários e que também vivem basicamente no Rio de Janeiro.

 

No sertão da Paraíba, numa área menos nobre de Sousa, município localizado a 420 quilômetros de João Pessoa, há uma comunidade de ciganos do ramo dos Calons que, por questões de sobrevivência, deixou de lado o nomadismo e fincou raízes no local há mais de 25 anos. Apesar da falta de informações oficiais sobre a quantidade de habitantes, é composta por cerca de duzentas famílias e considerada a maior comunidade cigana do Brasil. Eles moram em casas simples, de alvenaria ou taipa, e vivem em condições muito precárias. Não têm acesso aos serviços públicos básicos e enfrentam problemas comuns às comunidades carentes como o desemprego e o alcoolismo. 

 

As primeiras discussões sobre a inclusão dos ciganos aos direitos sociais só começaram no País a partir de 2002. Pela Constituição Federal de 1988, a etnia cigana foi incluída na classificação de minorias étnicas. 

 

Atualmente, foram concretizadas algumas ações governamentais a nível nacional:  a instituição do Dia Nacional do Cigano, comemorado em 24 de maio, em homenagem à sua padroeira, Santa Sara Kali; a criação do Conselho Nacional de Promoção da Igualdade Racial (CNPIR) e a publicação de uma cartilha de direitos da cidadania cigana. Existem também algumas ações pontuais e regionalizadas, fruto de articulações com outros segmentos da sociedade civil organizada.

 

Para o povo cigano é muito importante o sentimento de pertencer a um grupo, a um clã ou tribo e o cumprimento do código da etnia. Os seus dialetos (romani, sinto, caló entre outros) são ágrafos, ou seja, não possuem escrita e o nomadismo, reconhecido como uma referência da identidade cigana, em muitos casos, lhes foi imposto devido às constantes perseguições, preconceitos e hostilidade de que foram e continuam sendo vítimas.

 

 

31 de julho 1718:

No governo de Dom Pedro Antônio de Noronha, Marquês de Ângela, 3º vice-rei (1714-1718), chegavam os primeiros ciganos à cidade da Bahia. Lemos:

“Eu, Dom João, pela graça de Deus etc. faço saber a V. Mercê que me aprouve banir para essa cidade vários ciganos homens, mulheres e crianças – ‘devido ao mao e escandaloso procedimento com que tem se portado neste reino’. Tiveram ordem de seguir em diversos navios destinados a esse porto, e tendo eu proibido, por lei recente, o uso de sua língua habitual, ordeno a V. Mercê que cumpra essa lei sob ameaça de penalidades, não permitindo que ensine a dita língua a seus filhos, de maneira que daqui em diante o seu uso desapareça”.

31 de julho 1718:

No governo de Dom Pedro Antônio de Noronha, Marquês de Ângela, 3º vice-rei (1714-1718), chegavam os primeiros ciganos à cidade da Bahia. Lemos:

“Eu, Dom João, pela graça de Deus etc. faço saber a V. Mercê que me aprouve banir para essa cidade vários ciganos homens, mulheres e crianças – ‘devido ao mao e escandaloso procedimento com que tem se portado neste reino’. Tiveram ordem de seguir em diversos navios destinados a esse porto, e tendo eu proibido, por lei recente, o uso de sua língua habitual, ordeno a V. Mercê que cumpra essa lei sob ameaça de penalidades, não permitindo que ensine a dita língua a seus filhos, de maneira que daqui em diante o seu uso desapareça”.

Em 1936, as ciganas que faziam a “buena-dicha” nas ruas do Rio de Janeiro, para escapar das perseguições policiais, passaram a instalar-se em locais fixos, anunciando seus serviços nos jornais. Muitas até requereram “habeas corpus” para poderem exercer a sua profissão, algo que um artigo de jornal da época considerou “um absurdo”, solicitando “uma repressão séria, urgente e enérgica da polícia contra essas embusteiras e mistificadoras do povo que zombam das nossas leis e das nossas autoridades (...).

As pesquisas realizadas até agora no Brasil comprovam a existência de dois grupos diferentes (COSTA, 1997): os Calon e os Rom. Os Calon sofreram degredo ou voluntariamente migraram para o país a partir do séc. XVI. Em Portugal, a primeira lei a impor o degredo foi a de 28 de agosto de 1592, que postava que homens não integrados a sociedade deveriam abandonar o Reino em um período máximo de quatro meses. Caso não o fizessem, ficavam sujeitos a pena de morte e suas respectivas mulheres sofriam degredo perpétuo para a Colônia (COSTA, 1997). Estes eram ciganos que chegaram ao Reino de Portugal através da Espanha.

 

No Rio de Janeiro, nos anos de 1700, os ciganos se estabeleciam perto do Campo de Santana. Suas pequenas casas, guarnecidas de esteiras, cercam o campo, dando origem à chamada Rua dos Ciganos (da Constituição até o Mangue da Cidade Nova) atual ruas da Alfândega, Senhor dos Passos, e rua Buenos Aires.

A Constituição de 1988 quase teve um artigo específico para os ciganos estabelecendo o respeito à minoria cigana. O então deputado Antonio Mariz propôs emenda proibindo discriminação étnica ou racial. 

 

Até 1988, a definição do Aurélio continha sinônimos como “trapaceiro” e “velhaco”. As edições seguintes foram amenizando as definições. Na edição corrente do Aurélio, após a definição do povo cigano, o único sinônimo que pode gerar polêmica é “negociante esperto, vivo”.

 

O Dia Nacional do Cigano foi instituído em 24 de maio de 2006 por meio de decreto assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reconhecimento à contribuição da etnia cigana na formação da história e da identidade cultural brasileira.

População cigana no Brasil, diversidade historicamente ignorada​

 

Segundo fontes documentais, os primeiros ciganos oficializados a chegar ao Brasil, de fato datam do ano de 1574, degredados de Portugal. Entretanto, inúmeros pesquisadores acreditam, que possivelmente na frota de Pedro Álvares de Cabral, os 7 homens integrantes da nau vindos na viagem, descritos como sendo “homens de origem indiana...” eram ciganos.

 

Na formação da cultura brasileira, Mello Moraes Filho, afirma que: “o cruzamento com as três raças existentes efetuou-se, sendo o cigano a solda que uniu as três peças de fundição da mestiçagem atual do Brasil‖”. (p. 27). Ainda sobre a influência da cultura cigana na cultura brasileira, Asséde Paiva, em artigo publicado na RIHGB (Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro) discorre sobre a influência dos ciganos na música e na dança popular brasileira.

 

A documentação conhecida indica que sua  história no Brasil iniciou em 1574, quando o cigano João Torres, sua mulher e filhos foram degredados de Portugal  para o Brasil.Há ciganos nos quatro cantos do território brasileiro desde os primórdios de sua história.No século XIX, um grupo de ciganos acompanhou D. João VI na sua vinda para o Rio de Janeiro, em 1808. Eram artistas de teatro que vinham com a missão de distrair a Corte Portuguesa

 

Os primeiros ciganos vindos de Portugal se espalharam rapidamente pelo território brasileiro — há registros da presença de ciganos em Minas Gerais em fins do século XVII, com comércio de escravos e ouro. Assim, já no ano de 1718 tem-se o registro da presença de várias famílias de ciganos em território mineiro, apesar da oposição da Coroa.[1]

 

Muitos senhores de escravos não hesitavam em recorrer ao auxílio dos ciganos para recuperar um negro fugido. Afinal, os ciganos eram famosos pelas mais fortes simpatias e orações “para aparecer negro fugido”. Sobretudo do porto do Rio de Janeiro para as províncias de Minas e São Paulo, tal especialização no tráfico interno de cativos persistiu ao longo do século XIX. Ainda que recaísse sobre os escravos vendidos pelos ciganos — injusta ou justamente — a suspeita de serem produto de furto, o fato é que muitos pequenos proprietários mineiros se abasteceram de mão-de-obra escrava adquirida de comerciantes ciganos.

 

Participaram das expedições bandeirantes, conquistando para o país, 2/3 da América Latina.- participaram ativamente do ciclo do pau-de-tinta- da cana-de-açúcar- do ouro- da guerra dos farrapos etc...
 http://zarcofernandes.webnode.com.br/ciganos-no-brasil/

[1] Rodrigo Corrêa Teixeira - Núcleo De Estudos Ciganos - Recife, 2008.

 

FONTES CONSULTADAS:

 

BARROS, Carlos Juliano. Uma vila cigana no sertão paraibano: descendentes de nômades, eles se fixaram no Nordeste e enfrentam pobreza e preconceito. Problemas Brasileiros, São Paulo, ano 47, n. 397, p. 58-62, jan./fev. 2010.

BUENO, Virginia R. S. A globalização e o espaço do cidadão: espaço global, mundo fragmentado. Travessia: Revista do Migrante, São Paulo, ano 10, n. 27, p. 15-21, jan./abr. 1997.

COSTA, Elisa Maria Lopes da. Ciganos em terras brasileiras. Revista de História, Rio de Janeiro, ano 2, n. 14, p. 16-19, nov. 2006.

COSTA, Francisco Augusto Pereira da. Anais pernambucanos. Recife: Arquivo Público estadual, 1953. V. 5, p. 299-303.

DERLON, Pierre. Tradições ocultas dos ciganos. São Paulo: DIFEL, 1975. 238 p. 

MOONEN, Frans. As minorias ciganas e o direito: projeto de estudo interdisciplinar. João Pessoa: UFPB, MCS, 1995. 51p. (Cadernos de ciências sociais, 36).

PEREIRA, Cristina da Costa. Povo cigano. Rio de Janeiro: MEC Editora, 1986. 266 p. 

SENNA, Ronaldo. A seda esgarçada: configuração sócio-cultural dos ciganos de Utinga. Feira de Santana, BA: UEFS, 2005. 284 p. 

SOUZA, Mirian Alves de. Ciganos, Roma e Gypsies: categorias de atribuição e classificações identitárias. Travessia: Revista do Migrante, São Paulo, n. 67, p. 37-44, jul./dez. 2010.

TEIXEIRA, Rodrigo Corrêa. História dos ciganos no Brasil. Recife: Núcleo de Estudos Ciganos, 2008. 127 p. Disponível em: <http://www.etnomidia.ufba.br/
documentos/rct_historiaciganosbrasil2008.pdf>. Acesso em: 13 jul. 2012.

VANELLI, Marta. Nomadismo Cigano: migração dos excluídos. Cadernos do CEOM, Chapecó, SC, ano 23, n. 32, p. 257-266, jun. 2010. 

Fonte:GASPAR, Lúcia. Ciganos no Brasil. Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar/>. Acesso em: dia  mês ano. Ex: 6 ago. 2009.

Um decreto de 18 de janeiro de 1677 impôs o degredo de ciganos para a Bahia ou para as capitanias do Maranhão, Paraíba, Pernambuco e Rio de Janeiro, entre outras. Também o deportação entre colônias foi imposta a ciganos infratores por diversas vezes e sob vários pretextos. Houve ainda tentativas de separar homens e mulheres, com o objetivo da extinção dos ciganos como povo.

Pereira da Costa, na sua obra Anais pernambucanos, traz informações sobre os  ciganos em Pernambuco no ano de 1718: 

 

[...] Os ciganos andavam em bandos mais ou menos numerosos, e aqueles que não se entregavam à pilhagem, e a certos negócios, como a compra e venda de cavalos, nos quais os indivíduos pouco experientes sempre saíam logrados, eram geralmente caldeireiros ambulantes e onde quer que chegassem, levantavam as suas tendas, e saíam à procura de trabalho que consistia, especialmente, no conserto de objetos de latão e cobre. As mulheres, porém, importunas, astutas e minimamente loquazes, saíam a esmolar, e liam a buena dicha pelas linhas das mãos, predizendo a boa ou má-sorte do indivíduo, mediante uma remuneração qualquer. [...]

 

[...] Os ciganos diziam-se cristãos, mas batizavam os filhos várias vezes, como um laço armado aos obséquios e proteção dos compadres; e tinham a sua Germânia ou gíria particular a que o vulgo dava o nome de geringonça.

Documentos históricos comprovam que houve um grande crescimento populacional e econômico da comunidade cigana na Bahia. Salvador, a primeira capital colonial brasileira, tornou-se a cidade mais importante para os ciganos no Brasil.

 

Da Bahia, muitos deles foram em direção a Minas Gerais, causando desconforto para as autoridades da época, que tentaram de várias maneiras impedir a presença deles na região por ser considerado um povo desobediente e malcriado. 

[...] Perseguidos ou incorporados à nossa hierarquia social, os ciganos são mais do que leitores do futuro, podendo ser considerados também escritores do nosso passado. [...](Dossiê Medo e Sedução, Revista de História, Biblioteca Nacional, n. 14, 2006, p. 15.) 

 

Ao final do século XVII, o grande número de ciganos degredados para o Brasil, curiosamente trocam seus nomes e trajes, assimilam e adotam hábitos portugueses, como determinara sua majestade D. Pedro (rei de Portugal e Algarves).

Os Ciganos no Brasil

A escola ainda é alheia e adversa à cultura cigana

 

Os sistemas de ensino brasileiros receberão orientações para o atendimento às populações ciganas, entre as quais a de assegurar a matrícula em qualquer época do ano. O instrumento Ciganos – Documento Orientador para os Sistemas de Ensino, elaborado em atenção à Resolução CNE/CEB nº 3/2012, que institui as diretrizes para o atendimento de educação escolar às populações em situação de itinerância, foi lançado em 29 de maio de 2015, em Brasília, como parte da celebração do Dia Nacional dos Ciganos.

 

O documento foi elaborado pela Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão (Secadi) do Ministério da Educação.

A intenção é dar unidade aos procedimentos dos sistemas de ensino brasileiros especificamente em relação ao atendimento escolar às populações ciganas. A garantia de escolarização para crianças, adolescentes, jovens, adultos e idosos ciganos nos municípios do Brasil, bem como as condições de sua permanência na escola, é tarefa de que os órgãos públicos de ensino não podem abrir mão, afirma o texto de apresentação do documento.

 

O grupo de trabalho que elaborou as orientações foi composto por representantes da Associação Internacional Maylê Sara Kalí (AMSK/Brasil), União Cigana do Brasil no Estado de São Paulo, Associação de Preservação da Cultura Cigana no Paraná (Apreci/PR) e das etnias lovaro, calon, rom boyasha e matchwaia. Dos órgãos do Poder Executivo, participaram a Secretaria Nacional de Direitos Humanos (SNDH), Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e Ministério da Cultura (MinC).

Neste documentário mostra como vivem os ciganos no Brasil, um povo marcado pelo preconceito. A maioria desta população tem dificuldade para frequentar escolas e abandonam os estudos devido a discriminação.

Segundo Jucelho Dantas professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) de origem cigana, cita que o Brasil é um país multicultural e pluriétnico e os ciganos fazem parte desse caldeirão da cultura brasileira. Apesar da grande carga de preconceito contra eles, são cidadãos que contribuem com o comércio local dos municípios onde moram, sendo fortes consumidores de produtos oriundos da região, como alimentos, eletrodomésticos, e movimentam o comércio de imóveis e veículos, gerando renda e, sobretudo, contribuindo com pagamento de impostos para o município. É importante salientar que os ciganos não são extraterrestres. Seus filhos são cidadãos, filhos dos municípios onde residem e têm os mesmos direitos e deveres de todos.

Jucelho Dantas, último da esquerda para a direita, na Conferência de Cultura Cigana, realizada em outubro de 2011, em Camaçari (BA). (Foto: Secult/BA) 

Acampamentos Ciganos no Brasil

www.embaixadacigana.org.

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