Logun Edé é a metade Oxum, a metade rio, E é metade Erinlé, a metade mato. Suas metades nunca podem se encontrar.
Ele habita num tempo o rio e noutro o mato. Com o Ofá, arco e flecha que herdou do pai, ele caça. No abebé, espelho que recebeu da mãe, ele se admira.
Dia da semana: Quinta feira
Cores: azul turquesa e dourado
Saudação : loci loci Logum ( grita, grita seu brado de guerra , príncipe guerreiro
SÍMBOLOS: Balança, Ofá, Abebè e Cavalo-marinho
ELEMENTOS: Terra (floresta) e Água (de rios e cachoeiras)
DOMÍNIOS: Riqueza, Fartura e Beleza
Arquétipo dos filhos: São pessoas de extremo charme e carisma, possuindo muitos amigos e admiradores. Sentem imensa compaixão pelas pessoas que sofrem, sempre tentando ajudá-las. A sinceridade é a sua maior virtude, porém irrita-se com muita facilidade. Basta ser contrariado e sua fúria aparece, muitas vezes perdendo o controle de suas ações, custando muito se acalmar. São perfeccionistas, querendo tudo ao seu modo. Não admitem erros de outras pessoas.
Agem por impulso, aproveitando ao máximo tudo o que a vida lhe oferece. São muito curiosos e espertos. Geralmente, quando crianças, adoram desmontar seus brinquedos para ver como são feitos. Na fase adulta, têm o dom de captar o íntimo das pessoas.
Os filhos de Logun-Edé têm muito interesse em aprender e viver novas experiências. Assim como o orixá, adaptam-se a todo tipo de ambiente e sabem como agir em cada situação. Têm umas características curiosas, que é a de estar sempre machucando as extremidades das mãos, pés e cabeça.
Desembaraçado, move-se com graça, elegância e refinamento. Tem muita sorte na vida; seus amigos em geral são pessoas da alta sociedade, com quem ele convive com muita dignidade.Ciumento e sedutor chama a atenção de qualquer um.
Superimaginativo destaca-se nas artes em geral, como música, teatro e dança. É admirado por sua suavidade, inteligência e sensibilidade. Está sempre elogiando as pessoas e cercado de bons amigos. É alguém que realmente sabe viver e aproveitar a vida, também disposto a deixar que os outros vivam. Extremamente exótico, é um verdadeiro camaleão; muda de personalidade como quem muda de roupa.
Está sempre de bom astral, otimismo é a sua palavra chave. Possui vontade firme e autoconfiança quase narcisista.Persegue seus objetivos com precisão, nem sempre de maneira discreta. Não escolhe as amizades, pelo contrário, é sempre assediado por pessoas que querem e gostam de estar com ele. Embora possa assumir exteriormente um ar de indiferença às opiniões dos outros, na verdade se sente abalado quando criticado. É terno com seus entes, mas poderá ser impiedoso com estranhos. Apreciará o conforto material e colocará seus desejos em primeiro lugar. Ambicioso, sempre alcança seus objetivos.
Itans (Lendas)
a mãe criadora
Conta a lenda que Osun teve uma grande paixão na sua vida: Osossi, mais na época era casada com Ògún e não podia ter nada com Osossi. Numa das saídas de Ògun para guerrear, Osun encontrou Osossi e dele ela engravidou. Nove meses depois, quando a criança estava para nascer, Ògún mandou recado que estava regressando. Osun não podia mostrar a ela a criança. Ela deu a luz a um menino e o pôs em cima de um lírio e ali o deixou e foi embora. Iansã passando viu aquela criança e sabia que era de Osun, pegou e criou Logun Ede. Iansã o ensinou a caçar e pescar. Logun Ede viveu com Iansã durante muito tempo.
... o reencontro
Certo dia Logun Ede saiu para caçar. Quando estava no topo de uma cachoeira, olhou para baixo e viu uma linda mulher sentada nas pedras, tomando banho e se penteando. Ele ficou fascinado pela beleza desta mulher. Aí ele desceu e ficou olhando-a escondido. Osun com seu abebe (espelhinho) viu que havia um homem a observando. Virou o abebe para ele. Neste momento Logun Ede se encantou e caiu nas águas em forma de cavalo marinho. Iansã quando soube, correu atrás de Osun e disse a ela que aquele menino que ela havia encantado era seu filho: Logun Ede, que um dia ela havia deixado em cima de um lírio. Osun desfez o encantamento e disse que apartir daquele dia Logun Ede viveria seis meses na terra como o pai, comendo da caça e seis meses viveria como a mãe, comendo do peixe.
... fascínio
Logun Ede, o menino caçador, andava pelos matos quando um certo dia, passando pela beira do rio Alaketu, ele viu no meio do rio um palácio muito bonito. Voltou para sua cidade, relatou a beleza deste palácio e sua vontade de ir até lá. Disseram a ele que era o palácio de Osun, Lugar em que nenhum homem punha os pés. Passou-se o tempo e Logun Ede não encontrava um meio de ir até lá. Um certo dia, encontrou sua mãe de criação, Iansã, que lhe confirmou que no palácio de Osun nenhum homem punha os pés e ele só conseguiria entrar se se vestisse como mulher. Logun Ede fascinado e obcecado pelo palácio pediu a Iansã que lhe arrumasse os trajes adequados. Depois de arrumado, pegou sua jangada e se pôs no rio a caminho de palácio.
Chegando em terra cantou:
Alaketo-ê
Ala Ni Mala
Ala Ni Mala
okê
Este oro foi cantando em saudação às águas e pedia permissão à dona do palácio para sua entrada. Abriram-se os portões e Logun Ede entrou e no meio das mulheres Osun reconheceu seu filho. Disse que apartir daquele dia Logun Ede usaria saia, que lhe daria o direito de reinar ao seu lado.
... o belo
Logun-Edé era filho de Osun e Osóssi. Sem poder viver no palácio de Osun, foi criado por Oiá na beira do rio. Osóssi seu pai, era demasiado rude e não conseguia conviver com o filho, sumindo por longo tempo em suas caçadas. Logun, afeiçoado pela mãe, vez por outra ia ao palácio de Sango, onde Osun vivia. Logun vestia-se de mulher pois Sango era ciumento e não permitia a entrada de homens em sua morada. Assim, Logun passava dias e dias vestido de mulher mas na companhia de sua mãe e das outras rainhas.
Um dia houve uma grande festa no orun à qual todos os orisás compareceram com seus melhores trajes. Logun-Edé, que vivia na beira do rio a caçar e pescar não possuía trajes belos. Foi então que vestiu-se com as roupas que Osun lhe dera para disfarçar-se e com elas foi à grande recepção. Ao chegar, todos ficaram admirados com a beleza de Logun-Edé, e perguntavam: "Quem é esta formosura tão parecida com Osun?". Ifá, muito curioso, chegou perto do rapaz e levantou o filá que cobria seu rosto. Logun-Edé ficou desesperado e saiu da festa correndo, com medo que todos descobrissem sua farsa. Entrou na floresta correndo e foi avistado por Osóssi que o seguiu, sem reconhecê-lo, encantado com sua beleza. Logun-Edé, de tanto correr fugindo à perseguição do caçador, caiu cansado. Osóssi então atirou-se sobre ele e possuiu-o ali mesmo.
... amado por Osóssi e Ósum
Estava Òsóssì o rei da caça a caminhar por um lindo bosque em companhia de sua amada esposa Òsún, dona da beleza da riqueza e portadora dos segredos da maternidade. Quando de seu passeio, foi avistado por Òsún um lindo menino que estava a beira do caminho a chorar, encontrando-se perdido, Òsún de pronto agrado, acolheu e amparou o garoto, onde surgiu nesse exato momento uma grande identificação, entre ele, Òsún e Òsóssì.
Durante muitos anos Òsún e Òsóssì, cuidaram e protegeram-lhe, sendo que, Òsún procurou durante todo esse tempo a mãe do menino, porém sem sucesso, resolveu te-lo como próprio filho. O tempo foi passando e Òsóssì, vestiu o menino com roupas de caça e ornamentou-o com pele de animais, proveniente de suas caçadas. Ensinou a arte da caça, de como manejar e empunhar o arco e a flecha, ensinou os princípios da confraternidade para com as pessoas e o dom do plantio e da colheita, ensinou a ser audaz e a ter paciência, a arte e a leveza, a astúcia e a destreza, provenientes de um verdadeiro caçador. Òsún por sua vez, ensinou ao garoto o dom da beleza, o dom da elegância e da vaidade, ensinou a arte da feitiçaria, o poder da sedução, a viver e sobreviver sobre o mundo das águas doces, ensinou seus segredos e mistérios.
Foi batizado por sua mãe e por seu pai de Lógún Edé, o príncipe das matas e o caçador sobre as águas. Viveu durante anos sobre a proteção de pai e mãe, tornando-se um só, aprendendo a ser homem, justo e bondoso, herdando a riqueza de Òsún e a fartura de Òsóssì, adquirindo princípios de um e princípios de outro, tornando-se herdeiro até nos dias de hoje de tudo que seu pai Òsóssì carrega e sua mãe Òsún leva.
Logum Edé Rouba Segredos De Oxalá
Logum Edé era um caçador solitário e infeliz, mas orgulhoso. Era um caçador pretensioso e ganancioso, e muitos os bajulavam pela sua formosura. Um dia Oxalá conheceu Logum Edé e o levou para viver em sua casa sob sua proteção. Deu a ele companhia, sabedoria e compreensão. Mas Logum Edé queria mais, queria muito mais...
E roubou alguns segredos de Oxalá. Segredos que Oxalá deixara à mostra, confiando na honestidade de Logum Edé. O caçador guardou seu furto num embornal a tiracolo, seu adô. Deu as costas a Oxalá e fugiu. Não tardou para Oxalá dar-se conta da traição do caçador que levara seus segredos. Oxalá fez todos os sacrifícios que cabia oferecer e muito calmamente sentenciou que toda a vez que Logum Edé usasse um dos seus segredos todos haveriam de dizer sobre o prodígio:
"Que maravilha o milagre de Oxalá!". Toda a vez que usasse seus segredos alguma arte não roubada ia faltar.
Oxalá imaginou o caçador sendo castigado e compreendeu que era pequena a pena imposta. O caçador era presumido e ganancioso, acostumado a angariar bajulação. Oxalá determinou que Logum Edé fosse homem num período e no outro depois fosse mulher. Nunca haveria assim de ser completo. Parte do tempo habitaria a floresta vivendo de caça, e noutro tempo, no rio, comendo peixe. Começar sempre de novo era sua sina. Mas a sentença era ainda nada para o tamanho do orgulho de Logum Edé. Para que o castigo durasse a eternidade, Oxalá fez de Logum Edé um orixá.