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ITANS/LENDAS DE XANGÔ

 

Xangô criador de Culto a Egungun

 

Em um dia muito importante, em que os homens estavam prestando culto aos ancestrais, com Xangô à frente, as Iyámi Ajé fizeram roupas iguais às de Egungun, vestiram-na e tentaram assustar os homens que participavam do culto. Todos correram menos Xangô, que ficou e as enfrentou, desafiando os supostos espíritos.

 

As Iyámis (as terríveis ajés, feiticeiras) pelo seu grande valor no equilíbrio, na manifestação da justiça, ficaram furiosas com Xangô e juraram vingança. Em um certo momento em que Xangô estava distraído atendendo seus súditos, sua filha brincava alegremente: subiu em um pé de obi, e foi aí que as Iyámis Ajé atacaram e derrubaram a Adubaiyani, filha de Xangô que ele mais adorava. Xangô ficou desesperado, não conseguia mais governar seu reino, que, até então, era muito próspero.

 

Foi até Orunmilá, que lhe disse, então, que Iyami era quem havia matado sua filha. Xangô quis saber o que poderia fazer para ver sua filha só mais uma vez, e Orunmilá lhe disse para fazer oferendas ao orixá Iku (Oniborun), o guardião da entrada do mundo dos mortos. Assim Xangô fez, seguindo, à risca, os preceitos de Orunmilá.

 

Xangô conseguiu rever sua filha e tomou para si o controle absoluto dos mistérios de egungum (ancestrais), estando agora sob domínio dos homens este culto e as vestimentas dos eguns, e se tornando estritamente proibida a participação de mulheres neste culto. Caso essa regra seja desrespeitada, se provocará a ira de Olorun, Xangô, Iku e dos próprios eguns. Este foi o preço que as mulheres tiveram que pagar pela maldade de suas ancestrais.

 

 

Xangô cumpre a promessa feita a Oxum

 

Quando Xangô pediu Oxum em casamento, ela disse que aceitaria com a condição de que ele levasse o pai dela, Oxalá, nas costas para que ele, já muito velho, pudesse assistir ao casamento. Xangô, muito esperto, prometeu que depois do casamento carregaria o pai dela no pescoço pelo resto da vida; e os dois se casaram. Então, Xangô arranjou uma porção de contas vermelhas e outra de contas brancas, e fez um colar com as duas misturadas. Colocando-o no pescoço, foi dizer a Oxum: “- Veja, eu já cumpri minha promessa. As contas vermelhas são minhas e as brancas, de seu pai; agora eu o carrego no pescoço para sempre.”

 

Xangô torna-se Orixá

 

Xangô vivia em seu reino com suas 3 mulheres ( Iansã, Oxum e Obá ), muitos servos, exércitos, gado e riquezas. Certo dia, ele subiu num morro próximo, junto com Iansã; ele queria testar um feitiço que inventara para lançar raios muito fortes. Quando recitou a fórmula, ouviu-se uma série de estrondos e muitos raios riscaram o céu. Quando tudo se acalmou, Xangô olhou em direção à cidade e viu que seu palácio fora atingido. Ele e Iansã correram para lá e viram que não havia sobrado nada nem ninguém. Desesperado, Xangô bateu com os pés no chão e afundou pela terra; Iansã o imitou. Oxum e Obá viraram rios e os 4 se tornaram Orixás.

 

Xangô é condenado por Oxalá comer como os escravos

 

Airá, aquele que se veste de branco, foi um dia às terras do velho Oxalá para levá-lo à festa que faziam em sua cidade. Oxalá era velho e lento, Por isso Airá o levava nas costas. Quando se aproximavam do destino, vira a grande pedreira de Xangô, bem perto de seu grande palácio. Xangô levou Oxalufã ao cume, para dali mostrar ao velho amigo todo o seu império e poderio. E foi lá de cima que Xangô avistou uma belíssima mulher mexendo sua panela. Era Oiá! Era o amalá do rei que ela preparava! Xangô não resistiu à tamanha tentação. Oiá e amalá! Era demais para a sua gulodice, depois de tanto tempo pela estrada.

 

Xangô perdeu a cabeça e disparou caminho abaixo, largando Oxalufã em meio às pedras, rolando na poeira, caindo pelas valas. Oxalufã se enfureceu com tamanho desrespeito e mandou muitos castigos, que atingiram diretamente o povo de Xangô.

Xangô, muito arrependido, mandou todo o povo trazer água fresca e panos limpos. Ordenou que banhassem e vestissem Oxalá. Oxalufã aceitou todas as desculpas e apreciou o banquete de caracóis e inhames, que por dias o povo lhe ofereceu. Mas, Oxalá impôs um castigo eterno a Xangô. Ele que tanto gosta de fartar-se de boa comida. Nunca mais pode Xangô comer em prato de louça ou porcelana. Nunca mais pode Xangô comer em alguidar de cerâmica. Xangô só pode comer em gamela de pau, como comem os bichos da casa e o gado e como comem os escravos.

Xangô , Shango, Sango, Sòngó

 

Como personagem histórico, Xangô teria sido o terceiro Aláàfìn Òyó, “Rei de Oyó”, filho de Oranian e Torosi, a filha de Elempê, rei dos tapás, aquele que havia firmado uma aliança com Oranian. Xangô cresceu no país de sua mãe, indo instalar-se, mais tarde, em Kòso (Kossô), onde os habitantes não o aceitam por causa de seu caráter violento e imperioso; mas ele conseguiu, finalmente, impor-se pela força. Em seguida, acompanhado pelo seu povo, dirigiu-se para Oyó, onde estabeleceu um bairro que recebeu o nome de Kossô. Conservou, assim, seu título de ba Kòso, que, com o passar do tempo, veio a fazer parte de seus oríkì.

 

Xangô manda nos poderosos, manda em seu reino e nos reinos vizinhos. Xangô é rei entre todos os reis. Não existe uma hierarquia entre os orixás, nenhum possui mais axé que o outro, apenas Oxalá, que representa o patriarca da religião e é o orixá mais velho, goza de certa primazia. Contudo, se preciso fosse escolher um orixá todo-poderoso, quem, senão Xangô para assumir esse papel?

 

Etimologicamente, Xangô é uma palavra de origem iorubá, onde o sufixo "Xa", significa "senhor"; "angô" (AG + NO = "fogo oculto") e "Gô", pode ser traduzido para "raio" ou "alma". Assim sendo, "Xangô" significaria "senhor do fogo oculto".De acordo com a lenda, Xangô era o rei de Òyó - região que hoje é a Nigéria. Xangô é símbolo do rei Deus em Benin. Conhecido por praticar uma justiça dura, justa e cega, como uma rocha, que aliás é outro elemento que o representa: a rocha. É o deus do raio e do trovão. Contrariamente a Ogum (Deus dos Ferreiros) que emprega o fogo artificial, Xangô manipula o fogo em estado selvagem, o fogo que os homens não sabem utilizar. É um Orixá temido e respeitado, é viril e violento, porém justiceiro. Costuma se dizer que Xangô castiga os mentirosos, os ladrões e malfeitores.

 

Seu símbolo principal é o machado de dois gumes e a balança, símbolo da justiça. Deus do fogo, que pune aos que lhe querem mal com febres e ervas que lhe são atribuídas. Joga sobre os inimigos sua bola de fogo através dos raios, chamadas edunara (pedra de raio que representa o corpo de Xangô, seu símbolo por excelência, pela mitologia do elemento procriado por um lado e que irmana Xangô a Exú por outro lado).

 

Sua dança preferida é o Alujá, apresentado com toques diferentes, a dança do machado, a dança da guerra. Branda orgulhosamente o seu Oxé (uma de suas armas) e assim, na cadência, faz o gesto de que vai pegar as pedras de raio e lançá-las sobre a terra, demonstrando seu lado atrevido. Em certas festas traz sobre a cabeça uma gamela de madeira, que contém fogo que começa a engolir, revelando a origem de seu fundamento. Tudo que se refere a estudos, a justiça, demandas judiciais, ao direito, contratos, pertencem a xangô. Ambicioso, chega ao poder destronando seu meio irmão Ajaká. Passa, então, a reinar com autoritarismo e tirania, não admitindo que sua atitudes fossem contestadas, o que possivelmente levou-o a cometer injustiças em suas decisões.

 

Usa o poder do fogo como seu símbolo de respeito. Galante e sedutor, desperta a paixão da divindade Oyá (esposa de Ogum), uma de suas três esposas - as outras são Oxum e Obá. Circulam a seu respeito, às vezes contradições, mas todos são unânimes em reconhecer seu caráter violento e fogoso. 

O sangue dos animais sacrificados é derramado, em parte, sobre suas pedras de raio para manter-lhe a força e a potência. O carneiro, cuja chifrada tem a rapidez do raio, é o animal cujo o sacrifício mais lhe convêm. Fazem-lhe, também, oferecimentos de Amalá, iguaria preparada, com farinha de inhame regada com um molho feito com quiabos. É no entanto, formalmente proibido oferecer-lhe feijões brancos da espécie Sesé.

 

Todas as pessoas que lhe são consagradas estão sujeita à mesma proibição. O emblema de Xangô é o duplo machado estilizado, Oxé, que os seus iniciados trazem na mão, quando em transe. O chocalho, chamado Xeré, feito de uma cabeça alongada, contendo pequenos grãos, é sacudido em honra a Xangô. Convenientemente agitada, quando são anunciados os seus louvores, este instrumento imita o barulho da chuva. As saudações, Oriki, que seus fiéis lhe dirigem não deixam de ter certa graça e mostram a sua forte personalidade.

 

Seu tempo não tem começo e nem fim, é um tempo reversível que supre sua duração. Xangô pode estar morto no rio e ao mesmo tempo estar vivo diante do rei. Está morto... e morto estar vivo. Nele as oposições existem simultaneamente. Para o ser humano tal situação é ambígua e fora de lógica, dois termos contraditórios excluem um ao outro na sincronia. Na lógica de Xangô os dois coexistem, pois ela é caracterizada pela sincronia e pela inter polaridade. Mortal em seu corpo, imortal em sua essência, o OBA de BENIN é o único soberano de dupla natureza: humana e divina."Xangô, como todos os outros imolè (orixás e ebora), pode ser descrito sob dois aspectos: histórico e divino. 

 

DIA: Quarta-Feira

CORES: Vermelho (ou marrom) e branco

COMIDA: Amalá

SÍMBOLOS: Oxés (machados duplos), Edún-Àrá, xerê

ELEMENTOS: Fogo (grandes chamas, raios), formações rochosas.

DOMÍNOS: Poder estatal, justiça, questões jurídicas.

SAUDAÇÃO: Kawó Kabiesilé!!

Arquétipos dos filhos de Xangô:

Estes nascem para ser grandes vencedores na vida. Por mais que passem pelas mais graves humilhações, tenham de superar complicados obstáculos, sempre terão seu nome entre as pessoas que venceram por seus talentos e fizeram história. Audaciosos e justiceiros, não aceitam o destino como uma ilha isolada e sem saída, correm atrás do que acreditam ser certo, mesmo quando isso não vá mexer em nada com suas vidas e sim ajudar alguém em especial. São grandes exemplos para aqueles que se deixam abater por qualquer coisa.

 

A fortaleza dos regidos por Xangô vem da crença que possuem em si mesmos. Demoram em se prender a alguém, aliás, demoram a se apaixonar. São considerados amantes perfeitos e inesquecíveis, sabem como mexer com os desejos mais secretos do par e como fazer a pessoa se sentir segura em seus braços. Por serem extrovertidos e carismáticos, acabam chamando a atenção de muitos e despertando o ciúme do parceiro e a coisa que não toleram é serem cobrados. Preferem ficar só.

 

Excelentes ouvintes, podem escutar por horas, mas querem dar a última palavra. Isto, pois, querem ser sempre uma autoridade. As críticas diretas ou indiretas deixam os filhos de Xangô muito aborrecidos, em geral não as tolerando. Quando a aceitam as críticas guardam aquele momento para em uma ocasião futura criticarem a pessoa que os criticou, mostrando, assim, que eles também são donos da verdade e sabem ver o que os outros erraram. Ou seja, deixar claro que a pessoa não é mais do que ele.

 

Para diminuir os riscos de cair numa cama, precisam buscar uma vida mais saudável e principalmente colocar para fora seus sentimentos mais humanos como medo, saudade, dor, carência, etc. Os filhos de Xangô são reconhecidos rapidamente, pois gostam de muitas badalações, de festas onde haja muita comida, pois possuem fama de comilões e esteticamente possuem corpo forte, com tendência a obesidade.

 

Quando o assunto é trabalho, são tidos como uma pessoa difícil de lidar. Tem tudo para se destacar em suas profissões como administração, contabilidade, direito ou comércio, de preferência que mexa com a vida noturna da cidade em que vive. O gênio autoritário faz com que sejam odiados por muitos. Não aceitam outra opinião que não seja a deles, a não ser que a argumentação seja forte. Por falar a verdade, por falar tudo o que pensam doa a quem doer. Costumam criar inimigos de graça. Às vezes, perdem o emprego por não saber controlar a língua.

EGUNGUN

O culto ao Egungun é um culto aos antepassados das pessoas falecidas que eram iniciadas no ritual dos Orixás ou Voduns ou ainda, no próprio ritual de Egun. Este ritual não é uma propriedade africana única. No Japão, existe uma semelhança no culto aos antepassados também, e que é de prática nacional. É tão sério e popular, que consegue manter a nação unida em torno desta prática. A única diferença entre estes dois cultos é que no Japão não existe a materialização dos antepassados, enquanto que na Nigéria, no Togo, Benin e Brasil, estas “aparições” são comuns e visíveis a todos os presentes.

 

Segundo a tradição do culto dos Eguns, é originário da África, mais precisamente da região de Oyó. O culto de Egungun, é exclusivo de homens, sendo Alápini o cargo mais elevado dentro do culto tendo como auxiliares os Ojés. Todo integrante do culto de Egungun é chamado de Mariwó. Na África, Sango é considerado a encarnação do Deus primordial do Sol, raios e tempestades, Sango seria a encarnação de Jakutá, que é considerado a mão de Olorun que pune, o caráter punitivo de Olorun, ele representa o poder de Olorun, tanto que fora enviado ao mundo em criação para estabelecer a ordem entre Osalá e Oduduá, que são as duas divindades que foram encarregadas, por Olorun, para criação.

 

Sango foi o criador do culto de Egungun e ele foi o primeiro Ojé ( Sacerdote do Culto aos Mortos ) e também foi o primeiro Alapini ( Sumo-sacerdote do Culto aos Mortos ) isso é evidenciado em um de seus Orikis que fala:"Rei do Trovão ( Raios ) Rei do Trovão ( Raios ) Encaminha o Fogo sem errar o alvo ( Alusão aos Raios ), nosso vaidoso Ojé Xangô alcançou o Palácio Real Único que possuiu Oiá Grande líder dos Orixás Rei que conversa no Céu e que possui a honra dos Ojés Rei que conversa no Céu e que possui a honra dos Ojés."

 

AWA IBI
Àwá Lonì
Nítorípè à Dúró Léjìká,
N siwàju awò am muito muito.

Hoje estamos onde estamos
Porque estamos de pé sobre os
ombros daqueles que vieram
Antes de Nós

 

O objetivo principal do cultos dos Egun é tornar visível os espíritos dos ancestrais, agindo como uma ponte, um veículo, um elo entre os vivos e seus antepassados.

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